O Elder de Araújo, um missionário do Belém do Pará que está me ensinando o evangelho (muito gente fina e uma pessoa que se expressa muito bem) me contou como é a vida de um missionário: às vezes, eles nem jantam e dormem com fome, porque às 9h da noite tem que está em casa pra dormir às 10 da noite (é uma ordem). No entanto, sempre que tem janta, eles nunca recusam (e se recusarem, ficam com fome). O difícil é lidar com as pessoas e você fica dois anos nessa luta entrando poucas vezes em contato com os parentes.
Ele me contou que uma vez, um missionário foi fazer contato (que é parar as pessoas na rua para conversar sobre a igreja) e o cara empurrou o missionário no poste, machucando todo o seu rosto. Acho que não é necessário fazer tal absurdo, não? Fiquei tão chateada quando ouvi isso. E o próprio De Araújo contou que uma vez eles estavam pregando o evangelho na casa de uma mulher muito pobre e apareceu o marido ela brigando, xingando os missionários de ladrões e que iriam roubá-los. Ele disse que ficou muito sem graça.
Bom, isso conta quando o meu sobrinho, o Rafa, foi ameaçado de morte na missão.
É uma vida triste, não? Assim como os apóstolos de Cristo também foram perseguidos, mortos e sofreram tanta coisa, os missionários também sofrem. Mas, segundo eles, vale muito a pena.
Ontem foi um missionário americano em casa, o Elder Engbert (acho que é assim que se escreve, rs...) e adorou o bolinho de arroz que o Marcos fez ontem, mais o arroz e o feijão preto (o carioquinha tá caro pra caramba). Um rapaz super simpático, brincalhão, com forte vontade em aprender e ensinar. Ele ficou muito feliz principalmente porque tem noites que não jantam. Eu gosto de conversar com os estrangeiros principalmente para falar do nosso país que, modéstia a parte, tem uma cultura espetacular. Ele me disse que se sente muito feliz principalmente por aprender uma língua nova e difícil. Está a 23 dias na missão e está apanhando um bocado do nosso português. O que ele disse que não gostou é a imensidão de prédios que acaba com a visão do horizonte. Ele disse que onde ele mora (acho que é em Illinois ou Rino, não me lembro) as casas são baixas e dá pra ver os morros (ou pequenas montanhas, como ele define) e a natureza. Já aqui, não. O missionário De Araújo já disse que o problema dos paulistas é a pressa e o stress.
Cada estado, um costume. Cada país, uma cultura. É uma coisa que gosto muito de aprender.
Engraçado foi ontem no caminho da igreja que o Engbert parou JUSTO o proprietário da nossa casa (quando eu vi, até dei um tapa na minha testa... o cara fala pra caramba...) e ele já disse: "sou muçulmano" (nunca soube disso...) e aparece um tiozinho nada a ver falando: "pô, você é muçulmano?". Pior é que os dois começaram a conversar, falando de alcorão, que o pai do tiozinho era não sei o que... e o elder, coitado, ficou no meio sem entender bulhufas. Me rachei quando o tiozinho falou: "Vocês são terroristas, mas Deus ama vocês do mesmo jeito". Bastou o De Araújo interromper falando da igreja, de entrar em contato se quiserem e... vambora!
Na igreja, ontem (que pouquíssima gente foi ontem... domingo é dia de dar bronca no pessoal), o Elder Engbert ficou tocando teclado enquanto a gente conversava. Mesmo que tinha ninguém, cantamos um hino e fomos pra casa. A gente pra nossa e os Elderes com um prato cheinho de bolo com côco (até o Elder americano brincou de levar o bolo sozinho pra casa, o Marcos disse brncando "não furtarás, irmão" e ele falou "não entendo português. Ele se rachou de rir quando eu falei "I don't speak portuguese").
Por essas e outras que devemos respeitar qualquer pessoa, qualquer religião, qualquer crença e qualquer costume. Hehe... e é gostoso conhecer gente nova, com costumes e culturas diferentes. Enriquece!
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